quarta-feira, dezembro 19, 2007

Duas sugestões para o Natal

Nesta época, vemos os escaparates das livrarias carregados por novidades editoriais a competir pela atenção daqueles que procuram nos livros a prenda ideal. A menos de uma semana do Natal, deixo apenas uma pequena nota para chamar a atenção para dois dos títulos que não devem passar despercebidos.


Titânia (edição especial), Mário Cesariny, ilustrações de Cruzeiro Seixas, Assírio & Alvim, 2007.

Um dos livros que não devem deixar de procurar nas livrarias é a edição especial de Titânia de Mário Cesariny. Passado um ano sobre a morte de uma das figuras maiores da nossa literatura, a Assírio & Alvim publica uma nova edição de Titânia, com ilustrações de Cruzeiro Seixas, também ele um dos nomes que fizeram o Surrealismo português. Embora no site da editora encontremos a informação de que o livro não está disponível, é possível encontrá-lo na Fnac e, talvez, noutras livrarias.



Orlando Furioso, Ludovico Ariosto, tradução de Margarida Periquito, com ilustrações de Gustavo Doré, Cavalo de Ferro, 2007.

O Olho da Letra não podia deixar passar despercebida a edição da primeira tradução (do original, nunca é de mais realçar) para português de Orlando Furioso, tarefa que ficou a cargo da tradutora Margarida Periquito. Finalmente, podemos ler o poema épico de Ludovico Ariosto na nossa língua e numa edição cuidada da Cavalo de Ferro, que conta ainda com ilustrações de Gustave Doré. Bebendo na tradição épica dos poemas homéricos, mas não deixando de reprentar o espírito de emulação característico da estética literária da época em que foi escrito (século XVI), o poema de Ariosto foi um dos modelos de Camões. Por isso, quem leu Os Lusíadas irá certamente encontrar novas pistas de leitura que enriquecerão a epopeia portuguesa.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Byblos


É hoje inaugurada a maior livraria do País, a Byblos. A partir de amanhã de manhã, a Byblos estará aberta ao público. Se quiserem ficar a saber mais sobre o ambicioso projecto de Américo Areal, não deixem de visitar o blogue dos Booktailors, em http://www.blogtailors.blogspot.com/, onde têm vindo a ser publicados vários posts sobre este conceito inovador de livraria.

Para assinalar o acontecimento, deixo aqui o artigo de Isabel Coutinho sobre a nova livraria, publicado na edição on-line do Público.

Grande aposta em catálogo de 150 mil títulos
Byblos, a maior e mais moderna livraria portuguesa é hoje inaugurada em Lisboa

A inauguração da maior livraria portuguesa, a Byblos, um sonho antigo de Américo Areal, ex-dono das Edições Asa, está marcada para esta noite só para convidados. A livraria abre ao público amanhã, às 10h.

É um espaço gigantesco - 3300 m2 distribuídos por dois andares - e aposta no fundo editorial. Vai ter entre 120 mil e 150 mil títulos. Além de livros, a Byblos vende revistas, CD, DVD, merchandising relacionado com o livro, gifts (canetas, luzes de leitura, etc.) e tem um game center (espaço com videojogos). Ao lado das novidades, estão livros, discos, jogos e filmes que saíram há mais de seis meses e hoje são difíceis de encontrar no mercado.

É uma livraria "inteligente": usa as novas tecnologias para dar conforto ao cliente, que pode começar a gerir a sua lista de compras a partir de casa (através do site www.byblos.pt). Cada cliente terá um cartão Byblos que pode ser carregado no multibanco para compras na livraria ou no site.

Quando o PÚBLICO visitou a Byblos as tecnologias ainda não estavam a funcionar. Mas a estante robotizada com 65 mil títulos (a pesquisa faz-se num computador) já estava instalada.

Os produtos à venda estão espalhados por prateleiras, mesas, vitrinas, gavetas como em qualquer livraria. O que é inovador na Byblos é o seu mobiliário integrar um software que ajuda na localização dos livros através de etiquetas RFID - Identificação por Radiofrequência. Cada livro terá uma etiqueta electrónica que está relacionada com outra que assinala determinado lugar na prateleira. Se o livro for colocado fora do seu sítio, o sistema central detecta o erro (as prateleiras têm antenas) e envia uma mensagem de e-mail para o computador do empregado responsável por essa área na livraria. Ele tem dez minutos para colocar o livro no lugar certo.

Por sua vez, os clientes podem fazer pesquisas nos 34 ecrãs tácteis espalhados pela livraria e ficar a saber a localização exacta dos produtos que procuram. Um papel com as referências da localização é impresso pela máquina. Informações com tops de vendas, promoções e agenda aparecem nos 54 ecrãs LCD da livraria. À saída, basta ao cliente pousar os livros na caixa de pagamento (numa pilha até 80 cm de altura) e o sistema lê o conjunto de compras (através da radiofrequência) sem ser necessário passar um a um.

A Byblos tem ainda um auditório para 137 pessoas sentadas, camarim e gabinete de primeiros socorros. Na cafetaria vão servir refeições ligeiras.

A livraria vai funcionar de segunda a sábado, das 10h às 23h e ao domingo das 10h às 13h. Tem acessos pela Rua Carlos Alberto Mota Pinto, n.º 17 e pela Rua Joshua Benoliel (Amoreiras). Uma das portas dá directamente para a zona das crianças, com um barco (tem sino, leme, velas) e uma árvore com uma casa de madeira. Ali é possível brincar com jogos interactivos criados pela YDreams. Outra entrada dá para o quiosque, 280m2 com jornais e revistas especializadas.

Quatro milhões de euros

"Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria", lê-se numa das paredes, e a felicidade para o dono da livraria será quando "as pessoas pensarem em livro, pensarem na Byblos". Areal vendeu a sua empresa ao grupo de Paes do Amaral e investiu quatro milhões de euros neste projecto. Para o ano quer inaugurar uma Byblos no Porto e construir uma cadeia de livrarias no país. "Hoje o livro está disponível em gasolineiras, estações de CTT, hipermercados, tabacarias. Mas quanto mais próximo, menor é a oferta", explica. "Por isso surge a tendência oposta, a das cadeias de grandes livrarias." Em França, em 2004, faliram centenas de pequenas livrarias mas a megalivraria cresceu 5,6 por cento.

"Há um vastíssimo público que não encontra resposta para as suas necessidades. Quer dar aos seus filhos o que gostou de ler e não encontra. Em todo o lado há livrarias de fundo editorial. Não seria a altura de aparecer uma em Portugal?", afirma Areal. Para o livro estrangeiro, têm acordos internacionais e na edição portuguesa andam "à pesca" dos editores mais pequenos e da edição de autor. "Quem tiver um livro venha ter connosco porque o queremos ter disponível quer fisicamente quer na Internet", pede.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Lançamento: "O Rei na Barriga"


Terá lugar amanhã, dia 5, o lançamento do novo livro de Alexandre Parafita, O Rei na Barriga, dedicado à literatura de tradição oral. A apresentação da obra, editada pela Âmbar, decorrerá na Biblioteca Municipal de Gaia.

"Bilhete de Identidade"


Num país sem tradição memorialística, como é o caso português, no qual as memórias representam sobretudo a justificação de acções pretéritas, procurei apresentar a minha vida friamente. O facto de ter tentado registar tudo aquilo que vivi pode criar a ilusão de objectividade, mas é evidente que cada um cria a «sua» própria história e a da «sua» família.

O excerto, retirado da introdução à autobiografia de Maria Filomena Mónica, explica claramente o que se pode encontrar em Bilhete de Identidade – uma tentativa de que a objectividade presidisse à escrita destas memórias. Não obstante, a objectividade é aqui evocada não no sentido de filtrar o passado, mas no sentido de não retirar ou incluir episódios da vida por autocensura ou por outra qualquer razão. Todavia, e como se explicita na segunda parte do excerto, dificilmente poderá alguém rever a sua vida sem mácula de subjectividade. Maria Filomena Mónica não é excepção, como ela própria adverte o leitor ao afirmar que este não encontrará no seu livro a Verdade, mas apenas a sua verdade.

Ora, a falta de “tradição memorialística” a que alude a autora tem consequências também na forma como lemos um género não muito usual na nossa língua. Nos primeiros capítulos, foi comum não ver com bons olhos certas passagens, principalmente quando começaram a aparecer referências às “criadas” da família Mónica, termo que sempre me pareceu insultuoso. Depois, com a descrição da vida escolar, também senti que havia ali uma ponta de orgulho injustificada, já que a rebeldia à instituição não lhe seria perdoada se ela não proviesse de uma família como a sua. No entanto, trocando impressões com o amigo que simpaticamente me emprestou o livro, consegui aplacar a tentação de ver as memórias de outra pessoa apenas com os meus olhos. O conselho de enquadrar Maria Filomena Mónica no seu contexto foi seguido, o que me permitiu ler o livro com objectividade, definitivamente mais necessária do lado do leitor do que do lado do escritor, neste caso.

Muito embora não seja uma leitora assídua de biografias ou de autobiografias, julgo que a premissa de que partiu a autora de publicar o seu livro “sem medos, nem sentimentalismos” beneficia sobretudo o leitor. Ainda assim, e ironicamente, o tom excessivamente sentimentalista que marca as páginas em que Maria Filomena Mónica fala do seu casamento, principalmente no capítulo dedicado ao seu fim, prejudica o livro no seu todo por lhe quebrar o ritmo.

Não obstante, estas memórias ganham um novo fôlego com a ida de Maria Filomena Mónica para Inglaterra, até porque, a partir deste ponto, a vida da autora se vai cruzando de forma mais intensa com a vida política nacional. Com a Revolução de Abril, temos a possibilidade de ver esse cruzamento entre a vida pessoal da autora com a agitação social e política que marcou Portugal e, aqui sim, talvez pelo tempo já passado, é-nos dada uma visão desse período sem sentimentalismos.

Maria Filomena Mónica, Bilhete de Identidade: memórias 1943-1976, Alêtheia Editores, 2006.

domingo, dezembro 02, 2007

Livros na Gulbenkian


Até ao próximo dia 23 de Dezembro, decorre, na Fundação Calouste Gulbenkian, a terceira edição da "Festa dos Livros Gulbenkian". Para além de poderem adquirir a preços especiais os livros editados pela Fundação, podem ainda assistir ao lançamento da Fotobiografia de Amadeo de Souza-Cardoso e ao ciclo de conversas "O meu livro Gulbenkian", que contará com a presença de vários convidados.
Para mais informações, consultem o site da Fundação Calouste Gulenkian.