quarta-feira, abril 23, 2008
terça-feira, abril 22, 2008
Dia Mundial do Livro na Assírio & Alvim
Manuel Alberto Valente na Porto Editora
Mais detalhes na edição de hoje do Público.
sábado, abril 19, 2008
Manuel Alberto Valente e a Porto Editora
Não deixem também de ler a entrevista que Manuel Alberto Valente deu ao Público, publicada na edição de ontem do jornal, sobre a sua saída do grupo Leya.
quinta-feira, abril 17, 2008
«O Homem sem Qualidades»
Os dois primeiros volumes da primeira tradução portuguesa integral do romance de Robert Musil «O Homem sem Qualidades», um dos grandes clássicos do século XX, com mais de duas mil páginas, vão ser apresentados dia 28 de Abril, em Lisboa.
É também a primeira tradução feita directamente do alemão, por João Barrento, com a chancela da Dom Quixote, a editora que está a publicar a obra completa daquele romancista austríaco, falecido em 1942.
A apresentação dos livros decorrerá no Goethe Institut, onde dois actores profissionais irão ler alguns excertos do romance.(Nos anos setenta, saiu em Portugal uma tradução do mesmo romance, mas feita a partir da versão francesa e que não incluía o terceiro volume, publicado já depois da morte do escritor).
«O homem sem qualidades», que ocupou Musil durante os últimos quinze anos da sua vida, é hoje considerado uma das obras mais influentes da literatura moderna, ao lado de «Ulisses», de James Joyce, e de «À procura do tempo perdido», de Marcel Proust.Segundo o tradutor, o terceiro volume do romance deverá ser publicado no início de 2009.
«Foi uma das maiores e mais exigentes traduções que fiz», disse Joao Barrento, um dos mais prestigiados tradutores portugueses de alemao e que assinou, entre outras, a tradução de «Fausto» de Goethe.
segunda-feira, abril 14, 2008
As musas confusas de Patrícia Portela
Terceiro livro publicado de Patrícia Portela, Odília ou história das musas confusas do cérebro de Patrícia Portela esquiva-se a qualquer tentativa de arrumação em géneros. Talvez por isso seja tão difícil prever em que secção das livrarias o vamos encontrar.
O texto, acompanhado das ilustrações da própria autora, é exactamente o que encontramos representado nas primeiras imagens que antecedem a história de Odília – um novelo. Um novelo que se estende para fora do texto e que, assim, desafia a fronteira entre obra e livro, entre ideia e objecto.
Justamente pela sobreposição de imagem e palavra que abarca o objecto que serve de suporte físico à história destas musas confusas, parece que, mais do que uma simples história, estamos perante uma narrativa encenada, servindo a capa de cortina ao que iremos assistir. Aliás, facilmente associamos a própria linguagem de Patrícia Portela ao teatro, área a que a autora dedica o seu trabalho há já vários anos.
Texto e livro são, portanto, uma unidade que não é estanque, que não encontra limites nas margens da literatura, mas antes a invade, através da inclusão no processo criativo de estratégias que visam incorporar o exterior. Neste ponto não podem passar despercebidas as notas de autor, de tradutor e de editor que Patrícia Portela cria como parte integrante da narrativa. Do mesmo modo, não podemos esquecer as pretensas linhas de leitura pelas quais a autora guia o leitor e que mais não são do que formas de chamar a atenção para a maleabilidade do objecto escrito, das possibilidades que oferece e que extravasam a sequência ditada no momento da criação.
Odília é também um emaranhado de ideias, de apontamentos pessoais e sempre algo encriptados de que Patrícia Portela mistura os fios numa composição que oferece tanto quanto oculta, sendo o seu carácter lacónico um convite a uma interpretação única e pessoal.
Por outro lado, uma das marcas deste texto é sem dúvida o facto de ser uma narrativa em que tempo e espaço se esbatem (mais uma vez, também aqui se anulam fronteiras) e que claramente se compraz na volubilidade do passado e do presente, que ao invés de nos servirem de guias, reforçam o poder demiúrgico do narrador (que aqui se confunde intrinsecamente com a figura da autora, por ser tão evidente o carácter pessoal das páginas que lemos). As questões quotidianas do nosso tempo invadem a Grécia Antiga e a sua mitologia, ou será o contrário? Será que essa mitologia tem uma origem mas o seu poder metafórico não é datado? Será o seu uso meramente instrumental?
No meio de tal novelo (o sonho de Odília) a estabilidade reside na repetição que baliza a narrativa. Esta repetição textual poderia deitar por terra a ideia de infinitude, mas a circularidade da história e da memória garante que assim não seja. Nunca vemos o fim do novelo porque o seu fio, tal como a colcha de Penélope, deve ser enrolado e desmanchado ad aeternum, ele prolonga-se para além das páginas do livro.