quarta-feira, agosto 22, 2007

A obsessão segundo Doistoiévski



O Jogador, um dos romances mais conhecidos e importantes de Dostoiévski, a par de Crime e Castigo e de Os Irmãos Karamázov, é apontado, também, como o livro em que o escritor russo mais leva para dentro da ficção a sua própria vida.

O jogo, obsessão que vai tomando conta da personagem principal deste livro, Alexis Ivanovitch, durante a sua permanência na fictícia cidade de Rolemtemburgo, foi também um vício que Dostoiévski viveu. Não é, pois, de estranhar que todo o ambiente das salas de jogo seja descrito com uma proximidade e conhecimento que podemos atribuir tanto ao jogador como ao romancista. A profundidade que Dostoiévski alcança na descrição da psicologia de um jogador é, mais do que impressionante (adjectivo que, no caso, me parece um pouco vazio), claustrofóbica.

Muito embora o vício do jogo seja claramente o centro de todo o romance e o dinheiro pareça ser sempre o ponto que define as relações entre todas as personagens, o amor, tratado como obsessão e como gerador de uma violência latente na iminênica de extravasar, é, neste romance, o contraponto que nos permite entender de que modo o jogo conduz a uma total alienação, bem visível na última conversa entre Mr. Astley e Alexis, que serve, também, de conclusão ao livro.

Apesar de Dostoiévski não ser, por ventura, o tipo de leitura que procuremos em plena silly season, garanto que não vai ser um livro abandonado ao fim de poucas páginas.

Apenas uma palavra em relação à tradução, tendo lido outros livros de Dostoiévski publicados pela Presença e traduzidos por Nina Guerra e Filipe Guerra, directamente do russo, não pude deixar de estranhar um pouco esta tradução de Delfim de Brito (Guimarães Editores). Para quem, como eu, também está habituado às traduções da dupla Nina Guerra e Filipe Guerra, deixo, em baixo, o link para os sites das duas editoras.


Fiódor Dostoiévski, O Jogador, tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra, Editorial Presença.

Fiódor Dostoiévski, O Jogador, tradução de Delfim de Brito, Guimarães Editores.


1 comentário:

Minda disse...

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