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segunda-feira, setembro 24, 2007

Booktailors

Ontem, os convidados do programa de Pedro Rolo Duarte na Antena 1 foram os Booktailors, consultores editoriais. Se não tiveram oportunidade de ouvir a conversa com Nuno Seabra Lopes e Paulo Ferreira no domingo, podem agora aceder ao podcast do programa na página da Antena 1.

Para todos os que se interessam pelo mundo da edição e querem ficar a conhecer mais sobre esta área, em particular, em Portugal, esta é uma entrevista a não perder.

Não deixem também de visitar o site Booktailors e o blogue Blogtailors para ficarem a conhecer melhor o trabalho desenvolvido por Nuno Seabra Lopes e Paulo Ferreira.

quinta-feira, maio 03, 2007

Ler os clássicos




Li Homero pela primeira vez quando entrei para a faculdade, o que rapidamente se provou ser um erro, ainda que por razões que parecem fazer afronta às regras mais básicas da lógica. A altura não foi a melhor: comecei a ler a Ilíada e a Odisseia tarde demais e cedo demais. Tarde demais, porque não devia ter esperado até que ler Homero fosse uma obrigação; cedo demais, porque quando o fiz ainda não existiam as traduções de Frederico Lourenço e as edições da Cotovia. Li, pois, a Ilíada e a Odisseia em duas edições de bolso, o que, desde logo, antevi ser meio caminho andado para uma leitura penosa. E, realmente, foi penoso ler os feitos de Aquiles e de Ulisses numa tradução de outra tradução, com um corpo de letra minúsculo, com uma mancha que não deixa espaços em branco, nem para o leitor respirar.

Durante noites a fio, mais do que as que seriam necessárias para ler os dois volumes, me debati com a vontade de ler tudo na diagonal, e o dever de ler, no fundo, uma das mais importantes matrizes da literatura ocidental. Ler a Odisseia era mais fácil, a narrativa das aventuras de Ulisses parece resistir melhor, pelo menos para mim, a uma má edição. Terá ajudado, muito provavelmente, o facto de ter lido, ainda em criança, a adaptação do texto homérico feita por João de Barros e já conhecer todos os episódios da viagem de Ulisses. Quanto à Ilíada, devo confessar que a tarefa não foi tão fácil e, muito honestamente, a cada página que passava, não via a hora de Aquiles matar Heitor. Em abono da verdade, para esta impaciência não ajudava o facto de ter de ler a Ilíada quase em contra-relógio, uma vez que em fila de espera já se encontravam a Odisseia e a Eneida.

Mesmo assim, julgo que o grande problema está em haver quem ainda não tenha compreendido que ler um livro numa edição de bolso não tem que ser um castigo que quem não tem a possibilidade de comprar outras edições tem que sofrer. Uma edição de bolso, como o comprovam os livros ingleses, franceses ou, aqui mais perto, espanhóis, pode ter um custo mais baixo sem que isso resulte num produto de fraca qualidade. Não podemos esquecer que o compromisso de um editor para com os compradores dos seus livros não é apenas o de ir acrescentando títulos ao seu catálogo, mas sim, e principalmente, de fazer chegar até aos leitores objectos de qualidade, tanto ao nível de conteúdos como ao nível gráfico. Um bom livro não se faz simplesmente com um bom texto e um mau livro pode desvirtuar a leitura de uma obra, por melhor que esta seja.

Apesar de tudo, li os dois livros, integralmente. Porém, passado o alívio inicial, a leitura não me deixou em bons termos com Homero. Eu sabia que tinha lido, mas não sentia como se tivesse realmente lido. Não consegui apropriar-me do texto. Quando as novas edições da Ilíada e da Odisseia foram publicadas com a chancela da Cotovia, e tive oportunidade de as ir folheando nas livrarias, comecei a achar que estava na altura ler os clássicos novamente, em especial a Ilíada. Ainda não o pude fazer, mas vou lendo a Ilíada num suporte alternativo. A beleza dos clássicos, é que, em relação a eles, o verbo «ler» não se usa no passado, porque a sua leitura não acaba no acto físico de abrir um livro, de ler, de ir virando as páginas. A minha leitura da Ilíada é, afinal, contínua e sempre renovada, sem que eu tenha voltado a abrir o meu livro.

segunda-feira, abril 02, 2007

Livros infantis


No dia mundial do livro infantil, deixo no olho da letra alguns dos meus livros preferidos em criança.


Se toda a gente em Portugal pudesse tirar uma fotografia assim seria impossível duvidar da nossa capacidade de andar para a frente. Se todos, ao pegarem na máquina fotográfica, hesitassem na escolha dos livros a incluir na fotografia já seria meio caminho andado.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Sobre a leitura

Li hoje que, na cidade da Batalha, se tenta dar um novo impulso à leitura. Transcrevo aqui um excerto da notícia, retirado do Diário Digital:

O projecto, designado «Biblio Clube 24», é da Câmara Municipal da Batalha, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, e assenta numa máquina tipo Multibanco com capacidade para disponibilizar 170 livros de diferentes tipos, aos portadores de um cartão magnético distribuído gratuitamente pela Biblioteca Municipal.

A principal vantagem deste tipo de iniciativa será, como é óbvio, a possibilidade de poder requisitar um livro a qualquer hora. Assim sendo, o horário de funcionamento das bibliotecas, que muitas vezes coincide com o horário de trabalho dos seus utentes, deixaria de ser um obstáculo à leitura. Isto, claro, não pondo de lado o facto de o número de livros disponíveis através deste sistema ser, naturalmente, mais reduzido do que o acervo que temos à nossa disposição quando visitamos uma biblioteca.
Na sequência de um trabalho que realizei o ano passado, tendo como objectivo tentar caracterizar os hábitos de leitura dos utentes da Biblioteca Municipal de Almada (BMA), tive oportunidade de realizar um pequeno questionário junto dos utentes desta biblioteca e, de facto, o horário de funcionamento da biblioteca (a BMA funciona das 10h às 18h, de terça-feira a sábado) era considerado um dos motivos para a frequência menos assídua da biblioteca. Do mesmo modo, o alargamento do horário de funcionamento era o aspecto mais apontado pelos utentes, quando lhes era perguntado em que aspectos consideravam que a biblioteca poderia melhorar os serviços prestados.
Seria despropositado tentar chegar a alguma conclusão a partir de dados retirados de um estudo tão pequeno e limitado como o meu e que, além do mais, diz respeito a outra cidade e a outra biblioteca. Ainda assim, julgo que será justo afirmar que o horário de funcionamento das bibliotecas poderá realmente impedir a visita de potenciais utentes e leitores. Todavia, outra questão se deve levantar: quantos daqueles que afirmam que não vão mais vezes à biblioteca devido à incompatibilidade de horários irão, de facto, ler graças ao projecto «Biblio Clube 24»? Não podemos esquecer que o livro, apesar dos números relativos à leitura no nosso país, é ainda colocado numa espécie de pedestal enquanto objecto cultural. Ironicamente, esta relação ainda pouco familiar com o livro parece afastar as pessoas do acto de ler, mas aumentar a sua vontade de se afirmarem como leitoras. Por isso, não é de estranhar que haja tendência para arredondar o número de livros que se lê e para exagerar um pouco quando se fala das intenções de leitura. Resta-nos aguardar pelos resultados desta iniciativa, esperando que o balanço seja positivo.